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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

QUAL É A SUA GUERRA?

Ultimamente tenho acompanhado a "saia justa" em que se meteu o presidente dos EUA, George W. Bush. O Iraque virou literalmente uma bomba para ele. Popularidade em baixa, Democratas com a maioria no Congresso, o Senado agendando data para início da retirada das tropas, além da adoção de inúmeras medidas que envolvem mais dinheiro, mais homens, mais desgaste, porém sem qualquer expectativa de solução para o conflito.



Todos querem saber quando essa guerra vai acabar. Muitos americanos não entendem porque os EUA se envolveram ou iniciaram essa guerra; não entendem o que o povo iraquiano tem a ver com eles, e por isso querem a retirada imediata das tropas de lá. As pesquisas de opinião invariavelmente retratam tamanha insatisfação da maioria da população.



Não apenas os americanos, mas o mundo acompanha a situação caótica no Iraque. Os jornais diariamente nos contam quantas pessoas morreram lá. Somos muito bem informados sobre tudo e temos interesse em ouvir tais notícias.



A preocupação e o interesse dos americanos são absolutamente naturais, afinal, eles estão em guerra. Estão perdendo seus filhos, pais, irmãos, cônjuges e amigos no campo de batalha. O Presidente pede mais paciência e apoio da população, além de mais dinheiro ao Congresso... Isso é lógico. Sem homens bem treinados, eficiente logística, estratégia, apoio, suprimentos, preparação e armamento não se vence uma guerra. Estas coisas, por óbvio, demandam dinheiro, e muito dinheiro. Quem paga: A sociedade norte-americana, o contribuinte, ou seja, o povo. Dessa forma, para concordar com todo esse gasto de dinheiro e sacrifício de vidas humanas é necessária a plena consciência da importância da guerra e, mais ainda, saber que ela realmente nos pertence, que é nosso dever lutá-la.



E como anda a nossa guerra, digo, a guerra do povo de Deus? Aliás, será que estamos mesmo em guerra?



Sinceramente é dificil perceber se a igreja brasileira está em guerra. Ouvimos falar muito em guerra espiritual. Ah, isso sim. Existem muitos especialistas no assunto, seminários e cursos intensivos. Oração de guerra, conquista de cidades, libertação, todos temas bem conhecidos na igreja. Temos um exército de pessoas capacitadas para amarrar, desamarrar, repreender, fazer atos proféticos, tomar posse, ungir, etc. Entretanto, quando se fala em missões transculturais, esse mesmo exército se reduz em igual proporção ao de Gideão.



O fato de a igreja brasileira não estar despertada para a guerra, não significa que ela não existe. De fato a guerra existe e o povo de Deus já foi alistado há mais de dois mil anos para a batalha de salvação dos perdidos de toda raça, língua, tribo, povo ou nação. Nossa guerra não está apenas no Iraque, não, nossa guerra está no mundo todo, em toda parte, em qualquer lugar que exista um ser humano carente da graça redentora de Cristo Jesus.



Importante relembrar que a guerra é uma só. Ela vai desde Jerusalém até os confins da Terra. É isso mesmo: Até os confins da Terra. Curiosamente, nosso exército é o único em que o próprio soldado escolhe sua batalha, e não o general. Escolhemos nossas batalhas. Quantas vezes ouvimos: “Ah, a vocação do nosso ministério é alcançar apenas os perdidos em nosso bairro ou nossa cidade; não fomos chamados para missões em outras nações”. Ou seja, limitamos nossa guerra a apenas um bairro ou cidade e simplesmente não nos importamos com o resto do mundo, afinal, certamente Deus estará levantando outros para trabalhar nesses lugares...



Pois é, certamente nos parece um raciocínio interessante e até convincente, contudo, não tem sido eficaz para alcançar os perdidos de inúmeras nações ao redor do mundo, em especial na denominada janela 10-40.



Nossa guerra, como dissemos, se dá em todo o mundo, e o General nos chamou para guerrear até os confins da Terra. Ou seja, onde existe alguém a ser alcançado pelo Evangelho e arrancado do domínio das trevas, lá está a nossa guerra, não importando se é na janela do vizinho ou na janela 10-40. Não temos escolha: Todos fomos alistados e comissionados pelo grande General Jesus. Ele quem dá as ordens, não nós. Ele dita os limites da batalha, não a gente.



E não é difícil perceber a falta de importância que damos para a guerra travada além do nosso umbigo. Podemos começar pela falta de informação do campo de batalha. Costumamos acompanhar notícias do front? Os murais das nossas denominações estão repletos de cartas de missionários (inclusive de outras denominações) contando sobre suas vitórias e necessidades? Estamos bem informados sobre a realidade espiritual em nações como China, Paquistão, Índia, Coréia do Norte, Arábia Saudita, etc., suas necessidades missionárias, principais motivos de oração, a quantidade de obreiros enviados, a carência de recursos e pessoas, a existência de porções da Bíblia já traduzidas para os inúmeros idiomas e dialetos pátrios, as perseguições e as dificuldades enfrentadas?



Sabemos de tudo isso? Esses assuntos têm lugar de destaque em nossos púlpitos? Mantemos movimentos constantes de intercessão na igreja em prol do trabalho missionário? As pessoas são conscientizadas da realidade missionária mundial e do que ainda falta para completarmos a missão que nos foi deixada por Jesus, nosso Comandante-em-chefe? Do púlpito ouvimos com freqüência a leitura de cartas enviadas por missionários que sequer conhecemos, e presenciamos a igreja chorar compartilhando a alegria ou a tristeza relatadas pelos missionários naquelas cartas? As ofertas missionárias são prioritárias em nossas denominações?



Na maioria das vezes, lamentavelmente, a resposta é não! Por quê? Simplesmente porque entendemos que a guerra não é nossa ou que os soldados que lá estão não são do nosso exército. Quem se importa com aquela guerra? Quem se importa com a dificuldade enfrentada por aqueles soldados? Muitos deles não são das nossas “denominações”, não é mesmo? Se temos que ajudar um dia, certamente contribuiremos com soldados enviados por nossa “denominação”!



Enquanto isso, sem sustento, muitos missionários estão voltando pra casa. Muitos, sequer conseguem ir. O inferno agradece.



Quantos exércitos somos? Quantas guerras lutamos? Onde está a unidade?



Será que Jesus precisará falar ao Seu povo em cadeia nacional, assim como fez George Bush para conclamar o povo norte-americano? O clamor da Cruz não é suficiente? Saber que as almas salvas são o fruto do Seu penoso trabalho não basta para nos motivar?



Precisamos nos unir. Como dissemos acima, uma guerra se ganha com estratégia, logística eficiente, suprimentos adequados, armamentos e, principalmente, soldados destemidos e muito bem treinados. Tudo isso depende de esforço e dinheiro. Se não enviarmos ninguém, como venceremos? Se não investirmos em treinamento dos soldados, a quem enviaremos? Se não investirmos em estratégia, logística, suprimentos e equipamentos, como conquistaremos? Se não estivermos dispostos a manter nossos investimentos por longo tempo, como nossos soldados poderão permanecer no front em tempo suficiente para vencer a guerra?



Bush sabe que se não fizer nada agora, não terá vencido a guerra. Terá falhado. A popularidade do presidente anda em baixa, pois muitos americanos não entendem essa guerra ou a razão pela qual os EUA se envolveram nisso. O dilema não é investir, não é enviar soldados, não é ver seus filhos no campo de batalha. A questão é saber se a guerra é deles ou não. Se for, todo esforço será válido e toda a nação se empenhará. Se não for, esse sacrifício todo, então, não valerá a pena.



E quanto à nossa guerra, vale o sacrifício ou é melhor retirar as tropas? Com a palavra, a igreja brasileira...


Sérgio Polastro Ribeiro

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